terça-feira, 21 de setembro de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Hipertexto



Hipertexto é o termo que remete a um texto em formato digital, ao qual agrega-se outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá através de referências específicas denominadas hiperlinks, ou simplesmente links. Esses links ocorrem na forma de termos destacados no corpo de texto principal, ícones gráficos ou imagens e têm a função de interconectar os diversos conjuntos de informação, oferecendo acesso sob demanda as informações que estendem ou complementam o texto principal. O conceito de "linkar" ou de "ligar" textos foi criado por Ted Nelson nos anos 1960 e teve como influência o pensador francês Roland Barthes, que concebeu em seu livro S/Z o conceito de "Lexia"[carece de fontes?], que seria a ligação de textos com outros textos.
O sistema de hipertexto mais conhecido atualmente é a World Wide Web, no entanto a Internet não é o único suporte onde este modelo de organização da informação e produção textual se manifesta.

1.Etimologia
O prefixo hiper - (do grego "υπερ-", sobre, além) remete à superação das limitações da linearidade, ou seja, não sequencial do antigo texto escrito, possibilitando a representação do nosso pensamento, bem como um processo de produção e colaboração entre as pessoas,ou seja, uma (re)construção coletiva. O termo hipertexto, cunhado em 1965, costumeiramente é usado onde o termo hipermídia seria mais apropriado. O filósofo e sociólogo estadunidense Ted Nelson, pioneiro da tecnologia da informação e criador de ambos os termos escreveu:
Atualmente a palavra hipertexto tem sido em geral aceita para textos ramificados e responsivos, mas muito menos usada é a palavra correspondente "hipermídia", que significa ramificações complexas e gráficos, filmes e sons responsivos - assim como texto. Em lugar dela usa-se o estranho termo "multimídia interativa", quatro sílabas mais longa, e que não expressa a idéia de hipertexto estendido.
— Nelson, Literary Machines 1992
2.História
A idéia de hipertexto não nasce com a Internet, nem com a web. De acordo com Burke (2004) e Chartier (2002) as primeiras manifestações hipertextuais ocorrem nos séculos XVI e XVII através de manuscritos e marginalia. Os primeiros sofriam alterações quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espécie de escrita coletiva. Os segundos eram anotações realizadas pelos leitores nas margens das páginas dos livros antigos, permitindo assim uma leitura não-linear do texto. Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos de lugares-comuns para que pudessem ser consultadas por outros leitores.
Provavelmente, a primeira descrição formal da idéia apareceu em 1945, quando Vannevar Bush publicou na The Atlantic Monthly, "As We May Think", um ensaio no qual descrevia o dispositivo "Memex". Neste artigo, a principal crítica de Bush era aos sistemas de armazenamento de informações da época, que funcionavam através de ordenações lineares, hierárquicas, fazendo com que o indivíduo que quisesse recuperar uma informações tivesse que percorrer catálogos ordenados alfabetica ou numericamente ou então através de classes e sub-classes. De acordo com Bush, o pensamento humano não funciona de maneira linear, mas sim através de associações e era assim que ele propunha o funcionamento do Memex.
O dispositivo nunca chegou a ser construído, mas hoje é tido como um dos precursores da atual web. A tecnologia usada seria uma combinação de controles eletromecânicos e câmeras e leitores de microfilme, todos integrados em uma grande mesa. A maior parte da biblioteca de microfilme estaria contida na própria mesa com a opção de adicionar ou remover rolos de microfilme à vontade. A mesa poderia também ser usada sem a criação de referências, apenas para gerar informação em microfilme, filmando documentos em papel ou com o uso de uma tela translúcida sensível ao toque. De certa forma, o Memex era mais do que uma máquina hipertexto. Era precursor do moderno computador pessoal embora baseado em microfilme. O artigo de Novembro de 1945 da revista Life que mostrava as primeiras ilustrações de como a mesa[1] do Memex podia ser, mostrava também ilustrações de uma câmera montada na cabeça, que o cientista podia usar enquanto fazia experiências, e de uma máquina de escrever capaz de reconhecimento de voz e de leitura de texto por síntese de voz. Juntas, essas máquinas formariam o Memex, provavelmente, a descrição prática mais antiga do que é chamado hoje o Escritório do Futuro.
Não se pode deixar de citar outro personagem de grande importância histórica que é Douglas Engelbart diretor do Augmentation Research Center (ARC) do Stanford Research Institute, centro de pesquisa onde foram testados pela primeira vez a tela com múltiplas janelas de trabalho; a possibilidade de manipular, com a ajuda de um mouse, complexos informacionais representados na tela por um símbolo gráfico; as conexões associativas (hipertextuais) em bancos de dados ou entre documentos escritos por autores diferentes; os grafos dinâmicos para representar estruturas conceituais (o "processamento de idéias" os sistemas de ajuda ao usuário integrados ao programa).[2] O trabalho de Ted Nelson e muitos outros sistemas pioneiros de hipetexto com o "NLS", de Douglas Engelbart, e o HyperCard, incluído no Apple Macintosh, foram rapidamente suplantados em popularidade pela World Wide Web de Tim Berners-Lee, embora faltasse a esta muitas das características desses sistemas mais antigos como links tipados, transclusão e controle de versão.
3.Hipertexto e Internet
Uma das maiores controvérsias a respeito deste conceito é sobre sua vinculação obrigatória ou não com a internet e outros meios digitais. Alguns autores defendem que o hipertexto acontece apenas nos ambientes digitais, pois estes permitem acesso imediato a qualquer informação. A internet, através da WWW, seria o meio hipertextual por excelência, uma vez que toda sua lógica de funcionamento está baseada nos links.
Outros pesquisadores acreditam que a representação hipertextual da informação independe do meio. Pode acontecer no papel, por exemplo, desde que as possibilidades de leitura superem o modelo tradicional contido das narrativas contínuas (com início, meio e fim). Uma enciclopédia é uma clássico exemplo de hipertexto baseado no papel, pois permite acesso não-linear aos verbetes contidos em diferentes volumes. Um exemplo de hipertexto tradicional são as anotações de Leonardo Da Vinci e também a Bíblia, devido sua forma não linear de leitura.[4]
4.Hipertexto e Educação
Um tópico relevante é a utilização da ferramenta de hipertexto na Educação. O trabalho com hipertexto pode impulsionar o aluno à pesquisa e à produção textual. O hipertexto como ferramenta de ensino e aprendizagem facilita um ambiente no qual a aprendizagem acontece de forma incidental e por descoberta, pois ao tentar localizar uma informação, os usuários de hipertexto, participam activamente de um processo de busca e construção do conhecimento, forma de aprendizagem considerada como mais duradoura e transferível do que aquela directa e explícita.
Na sala de aula, onde se trabalha com hipertexto, os alunos, num sistema de colaboração, acabam aprendendo mais e através de diversas fontes. O próprio conceito de hipertexto, pode nos levar a essa intenção. Uma atividade colaborativa traz benefícios extraordinários no que diz respeito a construção individual e coletiva do conhecimento. Os professores também podem trabalhar com hipertexto para funções pedagógicas. Utilizar textos de várias turmas e redistribuí-los é um bom exemplo. O hipertexto também traz como vantagem para a educação a construção do conhecimento compartilhado, um importante recurso para organizar material de diferentes disciplinas.Trabalhar com hipertexto leva o aluno a produção de textos e traz como vantagens a construção do conhecimento de forma dinâmica e inserindo o aluno e o processo educativo no mundo digital. Em sua produção o aluno se refere a conhecimentos antes apreendidos, mantendo uma relação sempre linear com o texto.[5]
5.A Escola Digital
Temos nas unidades de ensino computadores e midias que possibilitam uma aula com hipertexto, os alunos reconhecem e manifestam a necessidade cognitiva, o manuseio poupa e enxuga temas de aula e força o aluno a pesquisa daquilo que esta ligado ao texto que determinamos no link a palavra abre e informa, o que melhora a formação do conteudo focado na aula. É determinante o uso desse recurso como ferramenta de ensino na era digital.

Cursista: André Luiz

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Culto Ecológico



(Cachoeira do Evilson Taquaruçu Palmas Tocantins)

A educação ambiental na crise ecológica

As discussões sobre questões ambientais tornam-se cada vez mais freqüentes nos mais diversos espaços sociais. A partir dos anos 80 elas viraram reportagens centrais da mídia e de modismos nos quais os desastres ecológicos e as previsões apocalípticas tornaram-se personagens principais. Realmente, a interferência do ser humano no meio ambiente tem trazido graves consequências ao ambiente natural, do qual fazemos parte. A extinção de espécies, poluições, mudanças de clima, escassez de matérias-primas úteis e outras transformações fazem parte do momento atual (BRÜGGER, 2004).

Além de esta realidade nos exigir uma posição ativa frente aos desastres, a chamada “crise ecológica” denuncia um conflito muito mais amplo que envolve nossa sociedade. Fica evidente que a degradação da natureza revela diversas questões políticas e culturais que perpassam as relações humanas. Brügger (2004) mostra que a crise ambiental revela a impossibilidade de dividirmos sociedade-natureza, cultura-natureza, natureza-história.

Individual ou Coletivo

Percebemos que a maioria das políticas de conservação e proteção do meio ambiente frequentemente estão aliadas a interesses individuais ou de grupos. De acordo com um estudo feito nos EUA (ALISON, 1981), o preço pago às pessoas que separavam seus resíduos interferia significantemente na prática ou não da separação. Uma outra suposição deste estudo é que as pessoas somente reciclavam seus resíduos se o preço pago por produtos reciclados se tornasse economicamente vantajoso.

A partir destas idéias notamos que a maioria das práticas de conservação são marcadas por visões antropocêntricas, do ser humano como centro do mundo, em que as necessidades materiais, o medo de punição e de coerção predominam sobre a consciência do cuidado. No que se refere à preservação da vida, Brügger (2004) argumenta que a lógica é a mesma: “preserva-se genes valiosos, ou seja, preserva-se a vida pelo seu valor instrumental” (p.22), pela sua utilidade. Assim, os seres vivos ficam reduzidos a meros recursos para o ser humano, já que suas funcionalidades podem ser fatores determinantes para suas preservações ou não. Se, por um lado, o ser humano faz parte da natureza e, de outro, ele a utiliza como um produto, poderíamos pensar que nas relações humanas não seria diferente.

A partir destas problematizações é que surgem as diversas modalidades de “educação ambiental”. Inicialmente, elas surgiram vinculadas à disseminação técnica de conhecimentos específicos que visavam à proteção do meio ambiente, incentivavam a separação de lixo, conscientizavam a população sobre determinada espécie em extinção ou ainda, de exemplo, promoviam campanhas de reflorestamento. Com seu desenvolvimento, surge uma nova forma de educação ambiental, que é permeada pelo questionamento de aspectos históricos e culturais da relação das pessoas com o meio ambiente. A importância dos processos históricos, da relação do ser humano com os recursos naturais e entre si são aspectos que recebem atenção desta perspectiva de educação ambiental. Brügger (2004) questiona o porquê do adjetivo “ambiental” ter sido incorporado. Ele acredita que a introdução deste adjetivo denuncia que a educação não tem sido ambiental, mas sim tradicional. Desta forma, a implantação de uma educação “ambiental” abre discussões sobre quais valores devem guiar a educação para o meio ambiente e que conhecimentos precisam ser aprofundados nestas práticas.

Mudança de valores

Percebe-se que dentro da educação ambiental duas perspectivas predominam: a de uma educação conservacionista, que ensina e conduz ao uso racional dos recursos naturais e por sua conservação; e de uma educação para o meio ambiente, a qual é marcada por uma necessidade profunda de mudanças de valores, em que uma nova visão do sistema integrado deverá ultrapassar a mera idéia de conservação. O caráter essencialmente técnico nos leva a pensar a perspectiva conservacionista como uma educação ambiental que apenas “adestra” os sujeitos. Segundo o autor, este adestramento se daria em diversos âmbitos da atual educação formal. Este adestramento é necessário para o convívio em sociedade; mas, uma adequação a um sistema social que perpetua uma estrutura injusta e desigual é o que deve ser criticado.

Esta crítica parte da preocupação com o meio ambiente de forma ampla e integrada. Viver em um ambiente saudável significa encontrar nele uma estrutura suficientemente boa para se ter um bem estar. Dessa forma, todos aqueles que atuam de forma coletiva ou individual contra este bem estar poderiam ser então considerados anti-ambientais. Estas atuações contra o ambiente se estabeleceriam através das prioridades que estas pessoas ou grupos colocam nas suas vidas. Por exemplo, atualmente diversos pesquisadores investem seus estudos em descobrir formas da mulher engravidar depois que esta já passou da idade reprodutiva ao mesmo tempo em que milhares de crianças são abandonadas. Estudos se concentram em aperfeiçoar dietas alimentares enquanto milhares passam fome. Uma grande quantia de dinheiro é investida em programas espaciais, monumentos e grandes construções arquitetônicas enquanto muitos não têm onde morar (BRÜGGER, 2004).

Todas estas práticas, muitas vezes, são justificadas em nome de uma ordem técnica ou científica. A neutralidade destes discursos se contradiz no momento em que ela se presta a aumentar satisfações hedonistas de seus protagonistas ligadas ao reconhecimento profissional, destaque, sucesso, aparência física etc. A crise ambiental nos exige uma revisão de prioridades, escolhas técnicas e éticas que fazemos. A idéia de progresso e desenvolvimento na qual muitas destas práticas se justificam podem estar nos fazendo trocar expressão “falta de ética” por “bem sucedido”. Em discussões sobre a problemática ambiental, diversos autores parecem concordar ou convergir em ao menos um ponto: “nossa civilização é insustentável se mantido(s) o(s) nosso(s) atual(is) sistema(s) de valores” (GRÜN, 2005, p.22). Para que se possa ultrapassar esta crise de valores, a educação ambiental crítica deve abordar não apenas a história “natural” das coisas, mas, das relações dos seres humanos com ela e entre si.

A problemática das desigualdades sociais, da distribuição de riquezas, das discriminações, dos direitos humanos e das micro e macro políticas deveria fazer parte das discussões sobre o meio ambiente. De acordo com pesquisas da UNESCO e UNICEF (CASTRO e ABRAMOVAY, 1997), os movimentos ambientais precisariam responder a princípios e objetivos em comum. Estes objetivos deveriam ser pensados através da ética da qualidade de vida de forma não predatória, não violenta, não consumista e tolerante. Para que haja um desenvolvimento sustentável, as pesquisas apontam que seria necessário entrelaçar discussões sobre o cuidado com a terra, com as águas, florestas, habitat urbano, sobre os indivíduos e os distintos lugares sociais que estes ocupam.

As situações que colocam pessoas em exclusão ou as fazem sofrer violências por conflitos de interesses, divisões de trabalho e poder, precisariam ser problematizadas para que se pense que espaços ambientais e modos de relações se quer construir. Em síntese, precisa-se ouvir, registrar e problematizar o que faz a sociedade civil e as pessoas de forma geral, na mobilização por cuidados ao meio ambiente. Através desta escuta, será possível construir uma educação que produza cidadania, uma educação que produza sujeitos conscientes do meio do qual fazem parte e que percebam a responsabilidade e importância que possuem por estarem vivos.


Referências:

ALISON, Robert M. The Earliest traces of a conservation conscience. Natural History, 90(5): 72-77, 1981.

BRÜGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental? 3ª. ed.rev.ampl. Chapecó: Letras Contemporâneas, 2004. 199 p.

CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam. Gênero e meio-ambiente. 2. ed. rev.ampl. São Paulo: Cortez, 2005. 144 p.

GRÜN, Mauro. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. 9. ed. Campinas: Papirus, 2005. 120 p.

Daniel Dall'Igna Ecker,
Porto Alegre - RS.









(Cachoeira do Roncador Taquaruçu Palmas Tocantins)

Floresta

À sombra vira-folhas
em muxoxos murmurinhos
nos castos ninhos
na densa floresta de frutos
de copa altaneira celtitudes
de balanços palmeiras
encantos abrigo de alegres cantos
de passarinhos à sós mussitando
nas grutas às escuras
espigas de flores soturnas
dos troncos rijos adornos
folhas-de-prata opulências
de bromélias ao relento
guaches pinceladas matizes
suspensas róseas vistosas
na selva musgosa verdecente
a fingirem-se esconderijos
brássias, não-me-esqueças
em delírio tintas sorrindo
no maior luxo enlaçadas
à solta na paz meditando
amor monocarpo no íntimo
sem fins-d'águas murmulhos
no maior sigilo verde-água
nas folhas-da-fonte em relevo
entre orquídeas em chamas
e não-me-deixes floríferas
pós dilúvios nubíferos
das paixões policárpicas
à sombra fora de perigo
tesouro nubívago
amor por ti entrelaça.


(Agnes Altmann)


Postado por: Sonia Margarete de Medeiros.